Google lança museu virtual sobre história do futebol feminino no Brasil

A mostra nomeada de “Museu do Impedimento” conta com mais de 200 fotografias, artigos e relados de antigos jornais compartilhados pelos usuários das redes sociais

Postado em: 08-07-2019 às 18h12
Por: Leandro de Castro Oliveira
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A mostra nomeada de “Museu do Impedimento” conta com mais de 200 fotografias, artigos e relados de antigos jornais compartilhados pelos usuários das redes sociais

Ingryd Bastos

A plataforma de pesquisa Google, através do Google Arts & Culture, lançou nesta segunda-feira (8) um site em memória a história do futebol feminino no Brasil com acervos gratuitos da época, em parceria com o Museu do Futebol de São Paulo.

A mostra nomeada de “Museu do Impedimento” conta com mais de 200 fotografias, artigos e relados de antigos jornais compartilhados pelos usuários das redes sociais, no mês de junho deste ano. Qualquer pessoa pode contribuir com conteúdos da época, o intuito da plataforma é tornar público toda e qualquer forma de empoderamento cultural a fim de levantar discussões sobre diversos temas e histórias.

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A data de lançamento do museu virtual sobre a proibição do futebol feminino foi estratégica, aconteceu logo depois do fim da Copa do Mundo feminino, realizada neste domingo (7). “Recebemos dezenas de fotos, relatos, manchetes de jornais de várias regiões do país e agora podemos mostrar ao público relatos incríveis de mulheres que influenciaram o futebol feminino. A história desse período não está mais em branco”, conta a gerente de marketing do Google Brasil, Maria Clara Fleury.

História

Durante o governo de Getúlio Vargas foi aprovado um decreto que proibia a prática do futebol feminino no Brasil, uma das justificativas da emenda era de que o esporte não era compatível com a natureza feminina. “Ás mulheres não se permitirá a prática de desportos incompatíveis com as condições de sua natureza, devendo, para este efeito, o Conselho Nacional de Desportos baixar as necessárias instruções às entidades desportivas do país”, dizia o decreto-lei nº 3.199, de 14 de abril de 1941.

Apesar de ser proibido, algumas mulheres jogavam clandestinamente em casos específicos, como na partida beneficente que aconteceu em agosto de 1959, na cidade de São Paulo. No entanto, em meados da década de 60, já durante a ditadura militar, a proibição se tornou mais incisiva.

A historiadora e escritora Giovana Capucim e Silva estudou os jornais e documentos daquele período e afirma que a resistência do Governo era o menor dos problemas enfrentados por aquelas mulheres. “Os olhares e comentários repressores recebido pelos familiares, amigos e companheiros (as) podiam pesar-lhes muito mais que qualquer resolução de órgãos estatais”. Na época, mulheres jogando futebol era atração circense, o circo Nerino fundado em 1913, rodou o Brasil por 52 anos com o número “Futebol Feminino”.

Copa do mundo 2019

Recentemente, a artilheira e camisa 10 da seleção brasileira de futebol feminino, Marta Vieira, virou notícia internacional, mas dessa vez não pelo seu futebol, mas pelo se desabafo depois da eliminação do Brasil, nas oitavas de final da Copa do Mundo feminino.

“Ter que chorar no começo para sorrir no fim. Quando digo isso é querer treinar mais, estar pronta para jogar 90 e mais 30 minutos ou quantos minutos forem necessários. É isso que peço para as meninas. Não vai ter Formiga, Marta e Cristiane para sempre”, disse a jogadora chorando depois da partida contra a França.

Mesmo que tenha se passado 40 anos do fim do decreto, a representatividade feminina no futebol ainda sofre consequências e preconceitos nos dias de hoje. A historiadora Capucim acredita que a proibição ainda traz reflexos negativos como a falta de incentivos e patrocínios, situação bem diferente no futebol masculino, da mesma modalidade.

 

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