Gravidez ectópica: 4% de mortes de gestantes seriam evitadas com acompanhamento precoce

Com exames e tratamento adequado é possível evitar efeitos extremos como dano às trompas e o risco de morte para mãe e feto | Foto: reprodução

Postado em: 08-03-2021 às 15h00
Por: Redação
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Com exames e tratamento adequado é possível evitar efeitos extremos como dano às trompas e o risco de morte para mãe e feto | Foto: reprodução

Da Redação 

Em
2021, casos como o da influenciadora Camila Monteiro reacenderam a preocupação
com a gravidez tubária. Nesse tipo de gestação, o óvulo fecundado se instala
fora do útero, muitas vezes permanecendo em uma das trompas da mãe, como aconteceu
com a youtube. Apesar da perda do bebê, o caso de
Monteiro terminou relativamente bem.Mesmo assim, a médica Jordanna Leão, que
tem mais de 10 anos de expertise no acompanhamento gestacional, considera
alarmante o número de desfechos graves e alerta sobre a importância do
acompanhamento pré-natal no momento da descoberta da gravidez.

De
acordo com dados do Ministério da Saúde, anualmente são registrados 150 mil
casos de gravidez ectópica no Brasil. Além disso, outros dados apontam que ela
é responsável por cerca de 4% de todas as mortes relacionadas à gestação.

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Embora
seja inevitável, não precisa ser fatal

Para a médica, esses números poderiam ser menores com
a realização de um acompanhamento gestacional desde o início. Embora o
diagnóstico normalmente aconteça a partir de sintomas como dor intensa e
sangramento, Jordanna destaca que é possível fazer uma avaliação precoce capaz
de reduzir significativamente o risco.

“Por meio do exame de beta hCG quantitativo, a gente consegue determinar mais ou menos
com quantas semanas a gestante está. Não precisamos fazer o diagnóstico de
gravidez ectópica quando já existe risco de morte para a mãe e o bebê”,
argumenta Jordanna. Ela explica que é possível avaliar o desenvolvimento de
estruturas fundamentais como o saco gestacional intrauterino.

Tratamento
precoce sem traumas

Segundo
a médica,ao verificar que não há implantação do saco gestacional intrauterino
no estágio em que essa evolução deveria ocorrer,é possível suspeitar de
possíveis intercorrências e, a partir disso, recorrer a tratamentos relativamente mais
simples e menos traumáticos que a abordagem tradicional.

“O
senso comum é que o tratamento é a laparoscopia, mas isso significa que o
diagnóstico já foi feito tarde e que foi necessário abordar a área
cirurgicamente. Quando fazemos o diagnóstico precoce, o tratamento pode ser
extremamente conservador”, afirma a médica. 

De acordo com o estágio da gestação, após a
descoberta da gravidez ectópica, é prescrito o uso de um medicamento
quimioterápico que, em alguns casos, pode solucionar o problema com apenas uma
dose, salvando a vida da gestante e do feto.

“Esse tratamento é tranquilo, não mexe nas
trompas e preserva a fertilidade. Afinal, se a trompa chega a se romperna
gravidez ectópica, provavelmente não haverá como preservar a fertilidade daquele
lado. Além disso, ele diminui o risco para o bebê e não tem problema nenhum em
relação a uma nova gravidez. Todos os estudos o apontam como seguro”, reforça a
médica.

O
peso do diagnóstico tardio

A gravidez ectópica pode ser desencadeada
tanto por problemas oriundos de fatores de risco diversos, que vão desde
doenças que deixem sequelas e cicatrizes nas trompas até disfunções hormonais
ou histórico de tabagismo. Por isso,é importante
iniciar o acompanhamento gestacional precocemente.

Sendo assim, a médica insiste na conscientização das mães e acredita que
assim é possível reduzir drasticamente os números
de mortes, perda de fertilidade e complicações causadas pela gravidez
ectópica.

“Cada vez que descubro que uma gestante perdeu
as trompas ou que houve a morte de uma mãe causada por gravidez ectópica,meu
coração se parte.Sei que se ela tivesse iniciado o pré-natal o quanto antes e se
o acompanhamento tivesse uma ultrassonografia e um beta hCG quantitativo, a
gestante não precisaria passar por isso”, finaliza. 

 

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